Autorização para comercializar em todo o território nacional. É o que o Selo Arte irá permitir à Rubi Queijaria, no município de Porteirinha, Norte de Minas. A legalização para produzir Queijo Minas Artesanal exigiu paciência e dedicação do casal Regino Rodrigues da Silva e Rubnei Santos Gomes. Os produtores foram assistidos pela Emater-MG, que atuou no processo em parceria com a prefeitura de Porteirinha e outras entidades. O selo foi concedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
Essa história começou há quatro anos, quando Regino e Rubnei se casaram. Na época, Regino já produzia queijo. O leite para a produção vinha do gado de corte da propriedade ou adquirido de outros produtores. A mudança para produzir Queijo Minas Artesanal foi sugerida pela Rubnei. Além de ler sobre o assunto, a produtora também participou de visitas técnicas a regiões produtoras, como a Canastra. “Eu conversei com os técnicos da Emater-MG. Eles explicaram que o Queijo Minas Artesanal tem uma legislação aprovada e que poderíamos vender para todo o estado. Além de melhorar a qualidade do produto, nós percebemos que o mercado é bem melhor”, diz.
Adequação - A antiga queijaria foi toda reformada para atender à legislação. “Para conseguir o Selo Arte, os produtores cumpriram diversas exigências, como seguir as boas práticas agropecuárias de fabricação, cuidar da sanidade do rebanho e qualidade da água. E agora eles podem comercializar seu produto em todo o território nacional”, diz o fiscal do IMA Lucas Soares. A partir da reforma, houve implantação de um novo fluxograma para a entrada de leite e saída do queijo e reorganização das salas de produção e maturação. Por dia a queijaria produz 15 queijos de um quilo. As peças são vendidas após 22 dias de maturação. “Para essa reforma, nós fizemos um financiamento pelo Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]”, ressalta a produtora.
O financiamento foi feito no Banco do Brasil. “Nós percebemos que eles queriam trabalhar com as boas práticas de fabricação e produzir um produto de mais qualidade. E nós do Banco do Brasil acabamos contribuindo para que isso fosse feito. O Pronaf tem um papel socioeconômico importante, pois viabiliza recursos para o produtor melhorar a sua produção e sua qualidade de vida, além de movimentar a economia local”, diz o gerente do Banco do Brasil em Porteirinha, Daniel Cardoso Rodrigues.
A adequação da queijaria foi acompanhada de perto pelos técnicos da Emater-MG, que também orientaram os produtores sobre as boas práticas de fabricação. “As adequações visam as estruturas físicas das queijarias de modo a favorecerem a higiene do ambiente, matéria-prima, produtos e as boas prática de fabricação. Busca-se evitar a contaminação cruzada (que matéria-prima e utensílios entrem em contato com os produtos processados) e o bem-estar dos trabalhadores, gerando conforto térmico e menos uso da força física”, explica o extensionista Diogo Franklin.
Após as adequações, a Emater-MG encaminhou ao IMA as plantas baixas (curral, queijaria) e o memorial descritivo de construção e econômico-sanitário da queijaria, com o detalhamento das estruturas físicas e do processo de produção. A produção leiteira da propriedade também teve de passar por modificações para que a Rubi Queijaria recebesse o Selo Arte. Regino e Rubnei foram orientados pelos técnicos Emater-MG. As obras começaram do zero, com a construção do curral grande (para animais adultos), o curral pequeno para os bezerros, sala de espera e ordenha, um local para armazenamento de ração e medicamentos. Os técnicos da Emater-MG também auxiliaram os produtores na aquisição de matrizes meio sangue e registradas para dar mais qualidade na produção de leite. “Nós trocamos o nosso rebanho para animais com melhor qualidade genética, voltados para a produção leiteira. Atualmente são 14 vacas em lactação. Nós também fizemos um financiamento para estas mudanças”, explica Rubnei.
Conquista para a região - Com o Selo Arte, que permite a venda para outros estados de produtos alimentícios artesanais, o casal espera conquistar novos mercados. Segundo Regino e Rubnei, eles já receberam propostas de redes de supermercados de outras regiões, inclusive da capital mineira. “Isso é muito importante. A gente conseguiu provar que aqui na região se faz queijo de qualidade. Acho que vamos servir de estímulo para outros produtores aqui da região”, diz a produtora.
A Rubi Queijaria é a primeira da Serra Geral a obter o Selo Arte. A região foi identificada como produtora de queijo artesanal, em 2018, pelo IMA, a partir dos estudos técnicos realizados pela Emater-MG. A região é composta por 17 municípios: Catuti, Espinosa, Gameleiras, Janaúba, Jaíba, Manobas, Matias Cardoso, Montezuma, Mato Verde, Monte Azul, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Porteirinha, Riacho dos Machados, Santo Antônio do Retiro, Serranópolis de Minas e Verdelândia. A expectativa é que outros produtores, a partir da experiência bem-sucedida da Rubi Queijaria, busquem a legalização de suas queijarias junto ao IMA. Para isso, tem sido desenvolvido um trabalho conjunto entre a prefeitura de Porteirinha, Associação de Produtores de Queijo da Microrregião da Serra Geral (Aproqueijo), Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Porteirinha (Aciporti), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, Emater-MG – empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), IMA, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Universidade Estadual de Minas Gerais e a Universidade Federal de Minas Gerais e Banco do Nordeste.
As informações são da Emater-MG.
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