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Com gestão profissional, Tirolez busca acelerar planos de crescimento




A Tirolez, empresa familiar fundada há 43 anos, vive uma nova fase. Prestes a inaugurar uma fábrica em Caxambu do Sul, em Santa Catarina, onde investiu R$ 150 milhões, a companhia de lácteos também passa por um processo de profissionalização da gestão.

Em sua primeira entrevista como CEO da Tirolez, Marcel de Barros diz esperar que sua experiência de mais de 20 anos no setor de lácteos contribua para a continuidade do crescimento da empresa. E uma das tarefas do executivo, que atuou por 24 anos na suíça Nestlé, no Brasil e em outros países da América Latina, é reforçar a governança da Tirolez.

Com a chegada do CEO em janeiro, os irmãos fundadores Cícero e Carlos Hegg passaram ao conselho consultivo da empresa de queijosrequeijão e cremes de queijos, e estão mais voltados à estratégia. “Quando cheguei encontrei um nível de governança, de estrutura, bastante estabelecido. Isso me deixou muito bem impressionado. A ideia agora é que a gente continue evoluindo nos processos de governança para que tenhamos sustentabilidade maior no crescimento da companhia”, afirma o executivo à reportagem.

Barros, que foi vice-presidente de lácteos e culinários da Nestlé no Brasil, também vai focar os processos na nova casa. “A Tirolez é uma empresa inovadora, ágil. De outro lado, trago experiência de um multinacional, toda parte processual, tudo isso bastante desenvolvido. Acho que a combinação dá um bom caldo”, avalia.

Embora o tema governança sempre remeta ao movimento para uma eventual abertura de capital, o executivo afirma que “essa não é uma opção no momento” para a empresa, cujo faturamento “já passou R$ 1 bilhão”.

“No momento, o que vamos trabalhar é a parte estratégica, desenvolver o plano estratégico para os próximos três anos. Dentro dessa revisão, vamos avaliar várias opções. No momento, não temos essa opção de abertura de capital, mas é algo que podemos rever nesse plano estratégico”, diz.

Nessa nova fase, o crescimento orgânico deve seguir como prioridade da empresa, porém “eventuais oportunidades de M&A são coisas que a gente avalia caso a caso”. “Se for algo que possa acelerar a execução de nossa estratégia, a gente avalia”, acrescenta.

Agora, o foco da Tirolez está na nova fábrica de Caxambu do Sul, que será inaugurada nesta quarta-feira (20) e deve ser um dos pilares para o avanço da empresa, gerando um incremento de até 20% na receita em três anos. Segundo Barros, a unidade é uma nova plataforma de crescimento da companhia, e vai permitir o fortalecimento da posição da Tirolez no Sul do país, além de atender todas as regiões brasileiras.

Com capacidade de produção de 5 mil toneladas de muçarela por mês, a indústria tem “tecnologias bastante avançadas em termos de produção de queijo”, o que deve “aumentar a competitividade no mercado e vai sustentar parte do nosso crescimento”, afirma. A previsão é que a unidade opere a plena capacidade em 2025.

Ele destaca que a infraestrutura da planta está pronta para receber novas linhas de produção após a primeira fase que demandou R$ 150 milhões. “No horizonte de dois a três anos, podemos duplicar esse investimento, chegando a R$ 300 milhões, se se confirmar a demanda. Mas a infraestrutura já está preparada para isso”, afirma com entusiasmo.

A nova planta começou a ser construída há dois anos e meio na mesma área de uma fábrica com menor capacidade, adquirida em 2010 pela Tirolez. Segundo Barros, o projeto foi “muito bem desenhado para esta primeira fase, mas também bem desenhado para suportar expansão e crescimento”.

Afora Caxambu do Sul, a Tirolez também investiu, nos últimos anos, em unidade de produção de brie e camembert em Tiros (MG) e na modernização da fábrica de gorgonzola e queijo azul, na mesma cidade. Na planta de Lins (SP), fez ampliações e automações na linha de requeijão. No total, foram aplicados R$ 300 milhões em cinco anos. “É uma sequência de investimentos para poder suportar o crescimento da empresa”, afirma.

Num mercado em que a demanda apresenta forte elasticidade, relacionada à evolução macroeconômica, a estratégia da Tirolez é “investir antes de a demanda chegar”. Barros observa que há um grande potencial para consumo de lácteos no país e conta que os volumes da empresa têm registrado crescimento de “duplo dígito” neste início de ano. “Mantendo-se a tendência positiva macroeconômica, a demanda por lácteos vai vir. Por isso estamos investindo antes de essa demanda chegar”.

O crescimento “acima de 10%” está relacionado a uma melhora na execução comercial e também à competitividade dos produtos, afirma, acrescentando que a empresa vem ganhando mercado.

Barros avalia que um dos maiores desafios do setor é a alta volatilidade do preço do leite, “que acaba gerando volatilidade de preço ao consumidor (...) e instabilidade na cadeia produtiva”. Para ele, isso não ajuda o consumo nem o desenvolvimento da indústria. Ao mesmo tempo, considera que o setor é resiliente e segue crescendo. “São questões momentâneas, mas a gente trabalha com uma visão de longo prazo”.

As informações são do Globo Rural, adaptadas pela equipe MilkPoint.

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